quarta-feira, fevereiro 04, 2009

As asas do tempo

Tempo...
Essa é uma palavra engraçada.
Dizem que o tempo cura tudo.
Que o tempo muda tudo.
Isso é mentira.
Pessoas mudam tudo.
Curam tudo...
Os atos delas, é que mudam tudo.

Lembranças...
Elas são as coisas mais preciosas...
Que alguém pode carregar consigo...
Lembranças são mais cruéis...
Com o tempo...
O tempo não faz nada sozinho...
Ele apenas proporciona o momento.
De tristeza...
De alegria...
De felicidade..
De angústia...

Quero poder agir.
Poder voar até ela, mais uma vez.
Ficar parado
Nessa prisão de madeira...
Me tortura cada vez mais...
Coisas...
Coisas que eu não queria fazer...
Por quê nos submetemos a isso?
Por quê as pessoas sentem medo?
Não existe coragem sem medo, é fato.

Todos dizem que eu sou um homem corajoso
Coragem...
Eu não sou tão corajoso assim...
Tenho medo de encarar meus pais...
Até hoje eu tenho medo disso...
Em qualquer coisa...
Prefiro esconder...
Dissimular...
Fingir...
Eu posso ter toda a coragem do mundo...
Para sair, mudar minha vida...
Fazer uma loucura e ir atrás dela...
Mas... e pra contar a eles minha vontade?

Se eu pudesse voar...
Como o rei dos céus...
O que eu faria?
Eu estaria junto dela nesse momento?
Ou estaria levando ela tão alto quanto as estrelas?
Sinto dor...
Sinto meu amor longe...
Se eu pudesse voar?
Eu teria todas essas duvidas no momento?
Se eu pudesse voar, assim como o tempo?

Tempo que voa.
Que machuca...
Que arde...
O coração de vidro que tem no meu peito...
Lentamente foi aquecido e derretido...
Pelo amor dela.
Hoje remodelado em pura chama e fogo...
Queimando minha alma em espera dela.
Mas esperar nunca...
Nunca muda nada...
Ações mudam, esperar é apenas deixar o tempo passar.

Se eu pudesse voar
E estar junto dela quando precisasse
Se eu pudesse voar
E levar ela para ver o meu céu
Se eu pudesse voar
E limpar esse rastro de dor
Se eu pudesse voar
Usando as asas do Tempo
Se eu pudesse voar
Eu estaria junto dela nesse momento
Se eu pudesse voar

...Não haveria mais dúvidas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Noções

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram
[...]
Cecilia Meireles..